Traballho feito no primeiro semestre sobre o capítulo "O Semeador e o Ladrilhador", do clássico "Raizes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda, onde se compara as colonizações portuguesa e espanhola.
Diferenças
entre o modo de colonização português e espanhol
Portugueses
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Espanhóis
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Reino unificado e forte há muitos anos, não precisavam se preocupar com
disputas internas de poder.
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Após o fracasso intento das Capitanias Hereditárias, Portugal instituiu um
Governo Geral, sendo este governador responsável por todas as terras. A
ausência de uma presença forte da Coroa portuguesa fazia que os pequenos
governantes locais, os senhores de engenho, tivessem mais poder e autoridade sobre
suas terras que o próprio Rei.
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A América Portuguesa para a Coroa não era mais do que terras a serem
exploradas comercialmente em proveito financeiro desta.
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Preferência em fundar vilas no litoral, para facilitar a comunicação com a
Metrópole. Pouco se importavam com a geografia e o clima, pois os habitantes
destas vinham quase sempre en passant, ou seja, só pretendiam ficar tempo o
suficiente para estabelecer uma fortuna e voltar a Portugal.
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A politica de exploração comercial não fomentava uma prática agrária e
pecuária além do suficiente para a subsistência, pois não interessava para
Portugal o desenvolvimento econômico da Colônia.
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Falta de planejamento urbano, o que acarretava a criação de ruas sinuosas, e
casas construídas sem nenhum padrão. Somente com a descoberta do ouro na
região de Minas Gerais é que algum planejamento prévio é feito antes das
construções das cidades.
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Negros africanos como base da mão-de-obra.
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Não havia incentivo à educação escolar, sendo que as primeiras faculdades só
surgiriam no Brasil, de uma maneira geral, no século XIX.
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O fato de serem cidadãos “não-reinóis” não desenvolveu nos filhos dos portugueses
um sentimento de nacionalismo e apego ao local de nascimento, pois se dizia
de onde era com uma negação. No entanto, a América Portuguesa conseguiu
manter uma unidade após sua independência.
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Reino recentemente unificado, e que ainda enfrentava problemas internos de
disputas territoriais e constante ameaça de ruptura.
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O receio de constante ruptura causou uma forte presença do governo espanhol,
ratificado pela divisão de suas terras em capitanias e vice-reinos, e seus
respectivos governantes respondiam diretamente ao rei da Espanha.
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A América Espanhola era uma extensão do Reino de Castela, que deveria ser
conquistada e povoada.
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Buscavam fundar suas cidades em sítios interioranos, em locais planos, com
clima semelhante ao europeu, e com condições idôneas para o crescimento da
polução imigrante, pois os que vinham da Europa para as Índias Ocidentais
tinham a intenção de estabelecer-se lá. Os portos eram localizados em lugares
estratégicos, e com esta medida evitavam assim ataques corsários e de contrabandistas.
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Caráter agrícola de colonização, além do incentivo a produção de manufaturas
dos mais diversos tipos.
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Planejamento urbano estipulado por várias leis. As cidades deveriam ser
construídas em lugares planos, interioranos e altos. Primeiro se construía a
praça principal – “La Plaza Mayor”
– e a partir daí se traçavam retas que se tornariam as ruas. Os locais para
os principais estabelecimentos comerciais e administrativos já eram
pré-estabelecido assim como a largura destas ruas, que todas levavam a praça
principal, praça esta proporcional ao tamanho de habitantes da cidade, obedeceria
a regras de acordo com o clima local.
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Nativos americanos como base da mão-de-obra.
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Construção de diversas faculdades desde o princípio da colonização.
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Os filhos de espanhóis nascidos na América Espanhola – los criollos -
desenvolveram um forte sentimento de patriotismo e apego a suas
terras, que alimentou os movimentos de independência destas. Porém, uma vez
livres do domínio espanhol, se fragmentaram em vários países diferentes.
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“A ordem que (Portugal)
aceita não é a que compõem os homens com trabalho, mas a que fazem com desleixo
e certa liberdade; a ordem do semeador, não a do ladrilhador.”
Sérgio
Buarque de Holanda.
Com esta frase, Sérgio Buarque de Holanda faz uma
metáfora sobre as diferenças entre o “desleixo” português, e a meticulosidade
espanhola. Comparando os portugueses com semeadores, que jogam suas sementes
sem planejamento algum, esperando que caíam, germinem e deem os frutos o quanto
antes. Os frutos esperados pelos portugueses em geral já estavam plantados, no
caso do pau-brasil, ou se plantava de maneira desordenada como a cana de
açúcar.
Os espanhóis em contrapartida agiam como um ladrilhador,
que antes de construir uma casa faz uma planta, calcula, planeja cada passo,
pensando em cada etapa da construção, sendo esta construção sua colonização
americana, pois pensavam em estabelecer-se no continente, querendo assim que
sua nova morada tivesse fortes alicerces para se resistir de pé em um futuro em longo prazo.
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