domingo, 9 de setembro de 2012

O Semeador e o Ladrilhador

Traballho feito no primeiro semestre sobre o capítulo "O Semeador e o Ladrilhador", do clássico "Raizes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda, onde se compara as colonizações portuguesa e espanhola.

Diferenças entre o modo de colonização português e espanhol
Portugueses
Espanhóis

- Reino unificado e forte há muitos anos, não precisavam se preocupar com disputas internas de poder.

- Após o fracasso intento das Capitanias Hereditárias, Portugal instituiu um Governo Geral, sendo este governador responsável por todas as terras. A ausência de uma presença forte da Coroa portuguesa fazia que os pequenos governantes locais, os senhores de engenho, tivessem mais poder e autoridade sobre suas terras que o próprio Rei.

- A América Portuguesa para a Coroa não era mais do que terras a serem exploradas comercialmente em proveito financeiro desta.

- Preferência em fundar vilas no litoral, para facilitar a comunicação com a Metrópole. Pouco se importavam com a geografia e o clima, pois os habitantes destas vinham quase sempre en passant, ou seja, só pretendiam ficar tempo o suficiente para estabelecer uma fortuna e voltar a Portugal.

- A politica de exploração comercial não fomentava uma prática agrária e pecuária além do suficiente para a subsistência, pois não interessava para Portugal o desenvolvimento econômico da Colônia.

- Falta de planejamento urbano, o que acarretava a criação de ruas sinuosas, e casas construídas sem nenhum padrão. Somente com a descoberta do ouro na região de Minas Gerais é que algum planejamento prévio é feito antes das construções das cidades.


- Negros africanos como base da mão-de-obra.

- Não havia incentivo à educação escolar, sendo que as primeiras faculdades só surgiriam no Brasil, de uma maneira geral, no século XIX. 

- O fato de serem cidadãos “não-reinóis” não desenvolveu nos filhos dos portugueses um sentimento de nacionalismo e apego ao local de nascimento, pois se dizia de onde era com uma negação. No entanto, a América Portuguesa conseguiu manter uma unidade após sua independência.


- Reino recentemente unificado, e que ainda enfrentava problemas internos de disputas territoriais e constante ameaça de ruptura.

- O receio de constante ruptura causou uma forte presença do governo espanhol, ratificado pela divisão de suas terras em capitanias e vice-reinos, e seus respectivos governantes respondiam diretamente ao rei da Espanha.

- A América Espanhola era uma extensão do Reino de Castela, que deveria ser conquistada e povoada.

- Buscavam fundar suas cidades em sítios interioranos, em locais planos, com clima semelhante ao europeu, e com condições idôneas para o crescimento da polução imigrante, pois os que vinham da Europa para as Índias Ocidentais tinham a intenção de estabelecer-se lá. Os portos eram localizados em lugares estratégicos, e com esta medida evitavam assim ataques corsários e de contrabandistas.

- Caráter agrícola de colonização, além do incentivo a produção de manufaturas dos mais diversos tipos.

- Planejamento urbano estipulado por várias leis. As cidades deveriam ser construídas em lugares planos, interioranos e altos. Primeiro se construía a praça principal – “La Plaza Mayor” – e a partir daí se traçavam retas que se tornariam as ruas. Os locais para os principais estabelecimentos comerciais e administrativos já eram pré-estabelecido assim como a largura destas ruas, que todas levavam a praça principal, praça esta proporcional ao tamanho de habitantes da cidade, obedeceria a regras de acordo com o clima local.

- Nativos americanos como base da mão-de-obra.

- Construção de diversas faculdades desde o princípio da colonização.

- Os filhos de espanhóis nascidos na América Espanhola – los criollos -  desenvolveram um forte sentimento de patriotismo e apego a suas terras, que alimentou os movimentos de independência destas. Porém, uma vez livres do domínio espanhol, se fragmentaram em vários países diferentes.


            “A ordem que (Portugal) aceita não é a que compõem os homens com trabalho, mas a que fazem com desleixo e certa liberdade; a ordem do semeador, não a do ladrilhador.”
Sérgio Buarque de Holanda.

            Com esta frase, Sérgio Buarque de Holanda faz uma metáfora sobre as diferenças entre o “desleixo” português, e a meticulosidade espanhola. Comparando os portugueses com semeadores, que jogam suas sementes sem planejamento algum, esperando que caíam, germinem e deem os frutos o quanto antes. Os frutos esperados pelos portugueses em geral já estavam plantados, no caso do pau-brasil, ou se plantava de maneira desordenada como a cana de açúcar.
            Os espanhóis em contrapartida agiam como um ladrilhador, que antes de construir uma casa faz uma planta, calcula, planeja cada passo, pensando em cada etapa da construção, sendo esta construção sua colonização americana, pois pensavam em estabelecer-se no continente, querendo assim que sua nova morada tivesse fortes alicerces para se resistir de pé em um futuro em longo prazo.  
 



Nenhum comentário:

Postar um comentário